Jovens estudantes da Amazônia simulam negociações da ONU sobre mudanças climáticas

Como parte do Programa Schools Connect (Escolas Conectadas), o British Council ou Conselho Britânico em português, que é a organização internacional de cultura e educação do Reino Unido, está organizando uma série de eventos estudantis do projeto Simulação do Clima Mundial (World Climate Simulation) em todo o Reino Unido e também no Brasil.

No território brasileiro, o evento tem uma edição especial em Belém do Pará, cidade-sede da COP 30, em parceria com o Programa Escola Azul, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e com a Universidade Federal do Pará (UFPA), neste domingo, dia 9 de novembro de 2025, das 9 às 17h.

Segundo o professor Ronaldo Christofoletti, coordenador do Programa Maré de Ciência (UNIFESP) e Presidente do Grupo de Especialistas em Cultura da Oceânica da UNESCO, o encontro tem um significado de extrema relevância na medida em que as discussões sobre as mudanças climáticas necessitam do envolvimento da juventude. Essa é uma oportunidade única, é a primeira COP no Brasil, a primeira na Amazônia, e as futuras gerações é que vão decidir todas as COPs que virão a seguir. Aqui eles estão aprendendo agora como isso funciona”, explica Christofoletti.

“São estudantes de escolas públicas aqui da região, que vivem essa realidade que está sediando esta Conferência Mundial do Clima. Nós estamos formando os futuros negociadores, então a gente está agora não só mostrando como é uma COP, mas como cada um deles pode se formar para atuar como profissionais, como negociadores, porque os impactos vão continuar crescendo, a gente precisa de pessoas que saibam negociar”, complementou o professor.

O World Climate Simulation é um exercício presencial de simulação das negociações da ONU sobre mudanças climáticas, desenvolvido pela Climate Interactive e pela MIT Sloan Sustainability Initiative.

A Climate Interactive (Clima Interativo) é uma organização sem fins lucrativos que, em colaboração com a MIT Sloan Sustainability Initiative (Iniciativa de Sustentabilidade do MIT Sloan), desenvolve ferramentas interativas e simulações para ajudar pessoas a entenderem as mudanças climáticas e a promoverem ações eficazes.

Por meio dessa simulação, os participantes têm a oportunidade de explorar a velocidade e o nível de ação necessários que as nações devem adotar para enfrentar as mudanças climáticas globais, promovendo uma aprendizagem autônoma e ampliando o potencial de engajamento em ações climáticas.

Um dos jovens negociadores é Rubens Uchoa, de 16 anos, aluno do terceiro ano do Ensino Médio na Escola João Carlos Batista, do bairro 40 Horas, em Belém. “Eu acho que é um momento bem importante, uma oportunidade única para a gente, porque esse tema já tem sido discutido na nossa escola, porém nesse formato de simulado da COP é algo inédito. Na minha visão é muito legal a gente entender como isso tudo funciona”, destaca.

Todos os estudantes têm entre 16 e 18 anos. São em torno de 100 participantes, pertencentes a 4 escolas públicas, cada uma com dois professores responsáveis pela segurança e supervisão das equipes.

Sobre a simulação

A simulação corresponde a um dia de atividades práticas, com uma apresentação inicial, seguida do período de debates entre os estudantes que se prepararam para, ao final do dia, participar da plenária simulada ONU em que cada grupo irá apresentar o seu posicionamento sobre o tema.

Os alunos estão divididos em nove grupos, a exemplo do que ocorre na Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, a COP do Clima da ONU. Dentre esses grupos de negociadores estão os representantes dos Estados Unidos e os da União Europeia, ou seja, o bloco dos países ricos.

“Além disso, há três grupos que reúnem os países em desenvolvimento, e o que tem somente China e Índia, que são países muito grandes. Tem ainda um bloco que tem outros países em desenvolvimento, inclusive o Brasil”, explica o professor Ronaldo Christofoletti, presidente do Grupo de Especialistas em Cultura da Oceânica da UNESCO.

“Os alunos também estão distribuídos em blocos, a exemplo do que ocorre numa COP de verdade, como o grupo dos lobistas do petróleo, das empresas de óleo e gás, que tentam dificultar os acordos entre os países pela redução de gases de efeito estufa, porque isso significa uma perda econômica muito grande a esses setores”, menciona Christofoletti, complementando que há também o grupo dos ativistas, que defendem as florestas, além dos jornalistas, que acompanham o processo e informam sobre o que está acontecendo”, conclui.

A sessão terá apresentações em inglês pelos membros britânicos, mas as discussões em grupos durante a atividade podem ocorrer em português. O momento de apresentações em inglês contam com tradução simultânea.

Texto: Ana Teresa Brasil, com informações da comissão do movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

Imagens: Natalia Almeida