
A agenda ambiental e a construção de soluções inclusivas e integradas estão em pauta entre os dias 13 de outubro e 07 de novembro de 2025, na capital federal. É o que propõe o evento “Pré-COP30 na UnB – Compromissos Institucionais pela Sustentabilidade, Justiça Climática e Protagonismo das Universidades Públicas”, cuja abertura oficial foi promovida na segunda (13) no Memorial Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília (UnB), e contou com a presença de uma delegação da Universidade Federal do Pará, formada pelo reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, na companhia dos integrantes da comissão executiva do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, professores Leandro Juen, Izabela Jatene e Flávio Barros.
De acordo com a organização do evento, a programação atende ao propósito das universidades públicas brasileiras em seu papel estratégico na construção de uma sociedade mais justa, sustentável e democrática, atuando como espaços de produção de conhecimento, formação crítica e diálogo com os grandes temas da atualidade. A ideia é reunir diferentes saberes e experiências em torno dos desafios da crise climática, como parte da preparação institucional da UnB para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA).

Em seu discurso, o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, ressaltou a importância da realização dos debates climáticos de forma capilarizada e democrática em todo o Brasil, e, consequentemente, no mundo. “ A COP30 é na Amazônia, sim, mas suas discussões precisam representar o país inteiro, porque o que acontece na Amazônia muda o clima do planeta”, pontua. Além disso, segundo ele, nada é mais justo do que que essas temáticas tenham protagonismo acadêmico. “As universidades públicas são a base da ciência brasileira. Formam pessoas, produzem evidências e orientam decisões. É assim que a ciência se transforma em política pública”, reforçou.
Ao lado do professor Gilmar Pereira, participaram da mesa de abertura, a reitora da UnB, a professora Rozana Reigota Naves, na condição de anfitriã; o Secretário Nacional de Participação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Renato Simões; a professora Lúcia Campo Pellanda, representando o Ministério da Educação; e Lidiane Rocha de Oliveira Melo, representando o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Valdir Steinke, secretário de Meio Ambiente da UNB, deu as boas-vindas aos participantes do evento. A primeira conferência ficou a cargo do professor Alexandre Betinardi Strapasson, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB, que discorreu sobre o tema “O papel da ciência na mudança do clima”.
Em seu discurso, a reitora da UnB, professora Rozana Reigota Naves, destacou que este evento Pré-COP 30 é fruto de uma articulação que integra diversos atores da comunidade acadêmica em prol da causa socioambiental. “É uma programação intensa que contou com uma grande adesão de docentes, estudantes, grupos de pesquisa, diversos setores da universidade e da sociedade civil organizada”, afirmou. Segundo Naves, a iniciativa contribui com as discussões nacionais em preparação para a Conferência das Partes, em Belém. “Quando debatemos essa temática em conjunto, colocamos em evidência a importância de uma ação colaborativa pela soberania brasileira, que passa pela soberania científica, ambiental, pelo cuidado com os recursos naturais, e pela integração entre Amazônia e Cerrado, e todos os demais biomas do país”, acentua.




Ciência e Vozes
Na terça-feira (14), o movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30 realizou uma apresentação sobre a iniciativa lançada pela Universidade Federal do Pará, em fevereiro de 2025, que congrega diferentes instituições de ensino e pesquisa, governos, movimentos sociais e culturais, na construção de uma ampla governança pela ciência e em defesa das questões socioambientais brasileiras.
A sessão contou com a participação dos professores Flávio Barros, Izabela Jatene e Leandro Juen, membros da comissão executiva do movimento. “Nosso objetivo é garantir que a Amazônia fale por si mesma. A COP30 é uma oportunidade histórica para mostrar que a ciência feita aqui é diversa, colaborativa e profundamente conectada às pessoas e aos territórios”, ressalta Barros.
Para Izabela Jatene, a força do movimento está na união de saberes. “Ciência e Vozes é uma ponte entre pesquisadores, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, movimentos sociais e estudantes. A Amazônia pensa, pesquisa e propõe soluções que conciliam conservação, justiça social e desenvolvimento sustentável. Queremos que essas vozes ecoem em Belém e no mundo”, acentua.
Já Leandro Juen destacou o papel da rede na construção de agendas estratégicas. “O movimento atua em parceria com o CISAM, o PPBio-AmOr, o PELD-AmOr e o INCT-SynBiAm, articulando ações de ciência, educação e políticas públicas. Estamos trabalhando para que a COP30 seja um marco na valorização da sociobiodiversidade e da ciência amazônica”, conclui.



Resultados e próximos passos
Desde sua criação, o Ciência e Vozes da Amazônia tem promovido fóruns de diálogo, produzido materiais de divulgação científica multilíngues e articulado redes de pesquisa e extensão, além de integrar programações internacionais. Entre as iniciativas mais recentes estão o trabalho integrado com o III Fórum Varanda da Amazônia, os debates sobre sociobiodiversidade e educação científica, e a participação ativa em eventos preparatórios nacionais e internacionais para a COP30. O grupo também prepara novas publicações e atividades para o espaço Ciência da COP30, com foco em apresentar resultados concretos das redes amazônicas e ampliar a participação de comunidades tradicionais, universidades e escolas públicas.
O evento “Pré-COP30 na UnB” segue até 7 de novembro, reunindo representantes de todo o país para alinhar propostas e compromissos de sustentabilidade e justiça climática. As discussões pretendem fortalecer a contribuição das universidades públicas brasileiras para a formulação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e para a implementação de ações climáticas integradas entre Amazônia e Cerrado.
Confira aqui a programação completa.
Texto: Ana Teresa Brasil – ASCOM Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30
Fotos: Divulgação UNB / Ciência e Vozes da Amazônia
Edição de vídeo: Natália Almeida