
A Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30 participaram, nesta quinta-feira, 16 de outubro, da cerimônia de abertura do evento “Participação Social na Agenda de Ação COP30”, realizada no Centro de Convivência Athos Bulcão, na Universidade de Brasília (UnB). A solenidade reuniu representantes da sociedade civil, gestores públicos e membros da comunidade acadêmica para discutir os caminhos da participação popular na construção das políticas climáticas brasileiras.
Promovido pela Secretaria-Geral da Presidência da República, o evento integra as ações preparatórias para a COP30, que será sediada em Belém, no Pará, em 2025. A iniciativa reúne o Fórum Interconselhos e os Fóruns de Participação Social dos Estados da Amazônia Legal, com o objetivo de consolidar as contribuições da sociedade civil para a formulação da Agenda de Ação da conferência.
O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, ressaltou a importância do envolvimento das universidades da região amazônica no debate climático global. Segundo ele, a COP30 representa uma oportunidade histórica para que a Amazônia assuma o protagonismo nas discussões ambientais e para que os povos que vivem na região tenham voz ativa na definição de estratégias sustentáveis. “Temos forte atuação na produção de conhecimento, na defesa da justiça climática e no fortalecimento da participação democrática”, enfatizou.
A Agenda de Ação da COP30 orienta medidas para ampliar e acelerar o cumprimento dos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris e nas conferências climáticas anteriores. O documento está sendo construído com base em contribuições da sociedade civil e abrange temas centrais para o enfrentamento das mudanças climáticas, como energia, transporte, indústria, biodiversidade, agricultura, cidades, desenvolvimento social e governança climática.

A participação da UFPA reforça o compromisso da instituição com a defesa do meio ambiente e com a construção de soluções coletivas para os desafios impostos pela crise climática, especialmente no contexto da Amazônia, região estratégica para o futuro do planeta.
O evento contou ainda com a presença da reitora da Universidade de Brasília (UnB), professora Rozana Reigota Naves, e dos ministros da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macedo; Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Luciana Santos; da Ciência Tecnologia e Inovação; além do presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago; e da secretária executiva da Secretaria Geral da Presidência da República, Kelli Mafort.
Ainda na mesa de abertura, estiveram o secretário nacional de Participação Social da Secretaria-Geral da PR, Renato Simões; a secretária de Povos e Comunidades Tradicionais/MMA, Edel Moraes; a presidenta em exercício do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Tereza Campello; a representante do Fórum Interconselhos, Aldenora Gonzalez; a representante dos Fóruns de Participação Social da Amazônia, Júlia Feitosa; a representante do Conselho de Participação Social, Simone Nascimento; a campeã da Juventude para a COP 30, Marcele Oliveira; e a presidenta substituta do INCRA, Débora Mapel.
A professora Izabela Jatene, da comissão executiva do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, participou do Fórum, acompanhando as discussões e fortalecendo a presença institucional da Universidade Federal do Pará nos diálogos nacionais sobre participação social e clima. “Precisamos fortalecer a pauta Amazônia, deixando bem claro que todos esses debates devem estar conectados com a ciência feita na região, mas também com todas as vozes que merecem protagonismo, como a dos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas”, salientou.



Fundo Amazônia – Durante o evento, foram anunciadas duas ações estruturantes financiadas pelo Fundo Amazônia. A primeira trata da restauração ambiental e manejo sustentável na Amazônia Legal, para as quais foram selecionadas 17 propostas de entidades e organizações da sociedade civil, que receberão R$150 milhões para a recuperação ambiental de 80 assentamentos da Reforma Agrária. A iniciativa permitirá a restauração de cerca de 4.600 hectares de florestas por meio de sistemas agroflorestais e práticas sustentáveis, beneficiando aproximadamente 6 mil famílias agricultoras.
Já o segundo projeto apoiará as unidades da federação na regularização fundiária de 33 assentamentos rurais da Amazônia Legal, promovendo o georreferenciamento e a titulação de cerca de 13 mil famílias, garantindo segurança jurídica, sustentabilidade e inclusão produtiva de agricultores e agricultoras da região.
Essas ações concretizam o Eixo 1 da Participação Social da COP30: Transição Climática Justa e Sustentável, integrando produção, conservação ambiental, justiça social e cidadania. Durante o anúncio, Tereza Campello (BNDES) destacou o caráter propositivo do evento. “Essa é uma COP que vai mostrar o que o Brasil está fazendo”, afirmou.



Após sua participação no evento, o reitor da UFPA, Gilmar Pereira, concedeu entrevista ao programa CB Poder, do Correio Braziliense, transmitido pela TV Brasília. Na oportunidade, ele destacou o papel das universidades na aproximação entre a produção acadêmica e os saberes das populações tradicionais, especialmente neste momento pré-COP 30. Segundo ele, a UFPA tem atuado intensamente, nos últimos dois anos, para colocar a ciência a serviço da sociedade, fortalecendo o diálogo com indígenas, quilombolas, moradores das periferias e demais comunidades. “A gente vem fazendo um exercício muito grande para colocar a universidade a serviço dessa relação entre a ciência, que é importante, e a sociedade”, afirmou. O reitor também lembrou dos encontros preparatórios para a COP30, na Amazônia, que têm reunido lideranças nacionais e internacionais, como a ministra Marina Silva e a vice-presidente da COP, Ana Toni, culminando na entrega de uma carta conjunta das universidades da Amazônia Legal ao presidente da conferência.
Durante a entrevista, Gilmar ressaltou ainda a preparação da UFPA para receber mais de 20 mil pessoas durante a COP30, incluindo movimentos sociais e delegações internacionais, e destacou parcerias como a caravana fluvial Iaraçu, fruto da cooperação entre instituições brasileiras e francesas. Ele também comentou a reunião da Andifes, que reuniu reitores em Belém para discutir desafios comuns das universidades amazônicas. Ao refletir sobre o legado da COP, o reitor afirmou que a maior contribuição é o debate e a inclusão das comunidades nas questões socioambientais. “A Universidade Federal do Pará está presente em praticamente todas as iniciativas que acontecem em Belém. Mesmo quando não aparece de forma institucional, sua presença se manifesta nas pessoas formadas e transformadas pela universidade”, concluiu.
Texto: Ana Teresa Brasil e Igor Oliveira, com informações da comissão do Ciência e Vozes
Fotos: Anastácia Vaz / Secom UnB e Divulgação Ciência e Vozes