O evento teve como objetivo principal abordar formas de mitigação de efeitos provocados pelas mudanças climáticas e apresentar critérios Ambiental, Social e de Governança, o ESG (Environmental, Social and Governance), como métricas disponíveis à superação de desafios, da Amazônia para o mundo

A Universidade de São Paulo (USP) realizou nesta quinta-feira, 12, um encontro que contou com a participação de entidades internacionais, como o The Global Institute for Peace – USP (Glip), e instituições nacionais, como a Universidade Federal do Pará (UFPA), no intuito de promover debates sobre a cooperação científico-acadêmica, com apoio do movimento Ciências e Vozes da Amazônia na COP30.
A conversa, que contou com as participações da antropóloga e doutora em Ciências Sociais Izabela Jatene, e do professor Leandro Juen, coordenador do Programa de Pós-graduação em Ecologia da UFPA, membros da comissão executiva do movimento, pautou a importância da realização da Conferência das Partes (COP30) na cidade de Belém. “Estamos diante de uma oportunidade histórica. A COP30, realizada pela primeira vez na Amazônia, pode e deve ser um ponto de virada. Mas para isso, é preciso coragem para mudar estruturas. E essa transformação começa com o reconhecimento de que as parcerias precisam ser justas, respeitando as pessoas, os territórios e as instituições que atuam há décadas na região. Viver na Amazônia e desenvolver atividades de ensino, extensão e pesquisa aqui é extraordinário. O potencial de transformação é imenso: uma única pessoa que consegue chegar à universidade pode mudar não apenas a sua própria vida, mas também a de sua família e de toda a sua comunidade”, abordou Leandro Juen.

No decorrer da sessão, também foram levantadas questões logísticas que serão enfrentadas pelas populações locais.
“No entanto, o custo de realizar atividades na região é alto. As dificuldades de deslocamento e logística tornam tudo mais caro e complexo. A maioria das nossas atividades de campo envolve transporte aéreo, terrestre e fluvial. E, ainda assim, os recursos financeiros não chegam de forma proporcional, especialmente para quem está na ponta — no interior — desenvolvendo ações diretamente com as comunidades. Nós, da Amazônia, queremos e precisamos de ajuda — mas não de qualquer ajuda. Precisamos de alianças que reconheçam saberes diversos, fortaleçam capacidades locais e garantam o protagonismo das populações e das instituições amazônicas”, pontuou Juen.
Já a professora Izabela Jatene falou sobre o movimento Ciência e Vozes da Amazônia, ressaltando a importância de tais projetos para a universidade e para a comunidade como um todo.
“É por isso que o movimento Ciência e Vozes da Amazônia é tão importante. Ele nasce da consciência de que não há solução global sem escuta, participação e ação coletiva enraizada nos territórios. Por isso, iniciativas como este evento são essenciais. Ficamos muito felizes em participar, pois precisamos de muitas vozes defendendo essa forma comprometida de fazer ciência, ensino e extensão”, concluiu.
O movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP30 busca dar visibilidade à ciência amazônica e garantir a participação ativa de pesquisadores, comunidades tradicionais e movimentos sociais nas discussões globais sobre as mudanças climáticas, possibilitando que os atores locais tenham uma participação ativa no processo de negociações climáticas, ampliando a visibilidade das respostas ao aquecimento global gestadas na região.
O movimento está estruturado em três momentos para ampliar o impacto:
- Pré-COP: Eventos preparatórios, capacitações e mobilização acadêmica.
- Durante a COP30: Mesas-redondas, divulgação científica e incidência política.
- Pós-COP: Publicações, continuidade de parcerias e avaliação dos resultados
Saiba mais acessando o site: Amazônia na COP30 – Ciência e Vozes na Amazônia
Texto: Ana Teresa Brasil – Comunicação – Ciência e Vozes da Amazônia na COP30, com colaboração de Igor Oliveira
Imagem: Divulgação