
Possibilitar a exposição e a troca de conhecimento entre pesquisadores e demais membros da comunidade científica e social da Amazônia foi o objetivo do Seminário sobre Internacionalização e Ciência Participativa e Cidadã, realizado nesta sexta-feira, 11 de abril de 2025, em Belém. A programação integra o Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP30 e foi realizada no auditório Paulo Mendes, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB-UFPA).
“Esses momentos são muito enriquecedores porque permitem a interação entre diferentes campos do conhecimento, especialmente quando podemos trazer outras perspectivas, outros olhares sobre a realidade amazônica e sobre como fazer uma ciência mais transdisciplinar, mais integrativa e cidadã”, enfatizou Grazielle Sales Teodoro, professora do ICB-UFPA e membro da equipe de organizadores do seminário.

Na oportunidade, especialistas discutiram parcerias científicas internacionais e o impacto da ciência participativa. Nadège Mézié, pesquisadora do Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica (CFBBA), ministrou a palestra de abertura “Caminhos para uma colaboração reforçada entre a França e o Brasil na área da biodiversidade”. Ela ressalta que brasileiros e franceses possuem um interesse comum em pesquisas científicas sobre a região amazônica, especialmente em relação à proteção ambiental do território. “A França é defensora das ações em defesa da biodiversidade, basta citar o Acordo de Paris que se destaca como um dos principais marcos da história recente dos acordos multilaterais que visam conter as mudanças climáticas”, ressalta Mézié, ao mencionar sua participação no seminário dentro das ações preparatórias para a COP30, na capital paraense.
Nadège Mézié, que visita a Universidade Federal do Pará pela terceira vez, enfatiza a parceria Brasil-França, em especial o interesse pelas pesquisas realizadas na UFPA. “É um corpo docente empenhado, com uma produção científica sobre a Amazônia reconhecida internacionalmente, com estudos desenvolvidos em parceria com instituições de pesquisa de outras regiões. Experiências como essa de hoje são motivadoras para mim, principalmente pelo contato com alunos tão diversos, com realidades tanto da capital quanto do interior do estado, de comunidades ribeirinhas indígenas e quilombolas, o que pra mim é fascinante”, conclui Mézié.

Na sequência, Emilie Coudel, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (CIRAD), e do Grupo de Pesquisa-ação Refloramaz, ministrou a palestra “Ciências participativas e ciência cidadã: o que isso muda para a ciência?”. Segundo ela, a participação dos cidadãos nas atividades de pesquisa científica deve ser ampliada, possibilitando que eles atuem em mais de uma fase do processo. “As pessoas já fazem contribuições na etapa de coleta de dados, de obtenção de amostras de espécies, por exemplo, mas acabam excluídas na hora das análises. No meu entendimento, a ciência cidadã se define tanto no processo de construção, definição da pesquisa e nas entrevistas, quanto no momento em que populações como agricultores e diferentes atores, atuam nessas análises, a partir de seus olhares, para que possam posteriormente propor ações em arenas de negociações, no sentido de obter políticas públicas que sejam mais adequadas às suas necessidades”, pontua.
O Seminário sobre Internacionalização e Ciência Participativa e Cidadã foi aberto ao público, com realização do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPGECO-UFPA), Centro Integrado da Sociobiodiversidade da Amazônia (CISAM-UFPA), INCT SynBiAm (Sínteses da Biodiversidade Amazônica), Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental (PPBio-AmOr), e do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP30.