Qual o papel da ciência na redução de impactos ambientais da atividade mineradora? Ouça no 4º episódio de “Vozes do Sul”

A série de podcasts “Vozes do Sul” chega ao quarto episódio trazendo como tema a “Mineração: Inconveniente, mas imprescindível”, destacando as  atividades mineradoras no Brasil e na Austrália e a importância do investimento em pesquisa e desenvolvimento de operações, as mais limpas e seguras possíveis, equilibrando a geração de riquezas que garante o crescimento econômico e social com a preservação ambiental.

Quem destaca essa conexão é a jornalista Luciana Julião, editora de Ambiente do site The Conversation Brasil, que conduz o podcast e reforça que a mineração é uma atividade fundamental tanto para a Austrália quanto para o Brasil. 

“A Austrália é o líder mundial de produção de minério de ferro e lítio, segundo maior exportador de carvão e zinco. No Brasil, o minério de ferro também é o produto mais importante do setor de mineração. Somos o segundo maior produtor mundial. Atrás, apenas, da Austrália”, informa o The Conversation. O episódio destaca ainda que o Brasil também tem vastas reservas de nióbio, terras raras, grafite e a Austrália possui reservas de lítio, níquel e cobalto, por exemplo.

É importante frisar que diante dessa expressiva exploração de minérios, brasileiros e australianos enfrentam o desafio de buscar soluções sustentáveis para as atividades que desenvolvem. E é aí que entram os cientistas, respaldados por décadas de estudos e amparados por importantes instituições de ensino e pesquisa. 

No bate-papo com especialistas, estão em evidência casos emblemáticos e a luta para que estes não se repitam. No Brasil, são exemplos os rompimentos das barragens de rejeitos de mineração nas cidades mineiras de Mariana, em 2015, e de Brumadinho, em 2019 -, que deixaram um rastro de mortes, poluição e profundo desgaste da atividade mineradora junto à opinião pública. Brumadinho, inclusive, é considerado o maior acidente de trabalho da história do Brasil e o segundo maior desastre industrial do século no mundo.

Pesquisadores da UFPA estão entre os entrevistados

Pedro Walfir, Geólogo e professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA), acentua que o mundo não pode prescindir da produção de minério, dada a necessidade cada vez mais intensa desses metais. “O ser humano não vive sem metais. Então, se a gente olhar em torno da gente, esse microfone, aquela câmera, o celular, vamos falar de carro, vamos falar de ônibus, vamos falar de avião, tudo tem que ter aço. Tem cobre, tem ferro, tem níquel, tem elementos metálicos espalhados em todos os lugares. Então, é impossível parar de produzir minério e ter a vida que nós temos hoje”, explica o pesquisador. Segundo Walfir, a grande interrogação do momento é como conseguir um equilíbrio entre exploração dos recursos, a atividade industrial e os impactos ambientais. “O ser humano também agora quer reduzir a emissão de poluentes para impactar menos as mudanças do clima e tornar o nosso planeta mais sustentável, ou seja, vamos deixar um planeta digno e respirável para as próximas gerações”, reforça o professor, enfatizando a relevância da pesquisa científica neste contexto.

Maria Elena Crespo-López, Professora da UFPA e uma das fundadoras do Instituto Amazônico do Mercúrio, relatou no podcast que trabalha com um dos principais problemas de saúde ambiental da Amazônia e que é especialmente intenso no Pará: a contaminação por mercúrio.

Ela comentou que em suas pesquisas costuma aplicar os conhecimentos de química, bioquímica, genética populacional e meio ambiente para fazer a diferença na vida de comunidades tradicionais, de indígenas, ribeirinhos, quilombolas e extrativistas. Populações que, como ela alerta, são vulnerabilizadas. “O fato de nós estamos alterando todo o meio ambiente, do qual elas têm uma relação muito estreita, faz que sejam os primeiros a receberem as consequências que vão chegar a todos. O que sofrem elas, vamos acabar sofrendo todos em algum momento”, salienta Crespo.

Conheça o projeto Vozes do Sul

“Vozes do Sul” é uma série de podcasts criada pelo The Conversation Brasil, associação sem fins lucrativos que produz notícias e análises baseadas em pesquisa por meio da colaboração entre acadêmicos e jornalistas, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o movimento Ciência e Vozes da Amazônia. O projeto conta com financiamento do Council on Australia Latin America Relations (COALAR) e consultoria estratégica do The Conversation Austrália.

O objetivo é oferecer ao público um olhar aprofundado e abrangente e fomentar a discussão, a partir do diálogo com múltiplos atores do Brasil e da Austrália, sobre ciência, mudanças climáticas e os desafios da preservação e do desenvolvimento sustentável de cada país.

Em cinco episódios semanais, sempre às terças-feiras, “Vozes do Sul” traz o resultado de dezenas de entrevistas com acadêmicos e detentores do saber ancestral dos povos originários nos dois países sobre a ciência por trás do combate aos incêndios florestais, aos impactos da mineração, ao aquecimento das águas oceânicas e à influência da agropecuária no aquecimento global. O podcast também traz exemplos de inovação que Brasil e Austrália – onde abundam a força do sol, do vento, dos rios e das ondas – desenvolvem na área de energia renovável.

Essa é a essência da aventura que nossa equipe de jornalistas, liderada pela editora de Ambiente Luciana Julião enfrentou para produzir o “Vozes do Sul”, cujos episódios 1, 2, 3 e 4 você pode ouvir agora.

“Vozes do Sul” é uma coprodução do The Conversation Brasil com a Universidade Federal do Pará (UFPA), financiamento do Council on Australia Latin America Relations (COALAR) e consultoria estratégica do The Conversation Media Group.


Vozes do Sul, episódio 4: “Mineração: Inconveniente, mas imprescindível”

Entrevistados do episódio:

1 – Pedro Walfir, geólogo e professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará

2 – Stuart Walsh, professor e vice-diretor de pesquisa da Monash University

3 – Sandra Moura, professora do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto e coordenadora do projeto Apicrim

4 – Elza Cunha Cabral, bióloga, apicultora e participante do Apicrim

5 – Maria Elena Crespo-López, professora da Universidade Federal do Pará e uma das fundadoras do Instituto Amazônico do Mercúrio

6 – Saimon Moraes Silva, diretor do Centro de Tecnologia de Sensores Biomédicos e Ambientais (BEST) da Universidade La Trobe (Melbourne, Austrália)

7 – Angélica Andrade, mestre em Filosofia pelo Instituto de Mineração Sustentável, da Universidade de Queensland


Equipe “Vozes do Sul”:

Coordenação editorial e locução: Luciana Julião

Roteiro: Luciana Julião, com assistência de Luciana Colodete

Pesquisa: Fernando Vives (Austrália), Luciana Colodete, Luciana Julião e Mariana Moreira (Brasil)

Checagem: Fernando Vives e Luciana Colodete

Edição, trilha sonora e mixagem: Bruno Cysne

Traduções: Paulo Mussoi

Dublagens: Eleven Labs

Redes sociais: Carolina Aleixo

Audiovisual: Paulo Mussoi e Carolina Aleixo

Identidade visual: Laura Garcia

Consultoria científica: Maria Ataide Malcher, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Equipe UFPA: Arlene Cantão Costa, Ana Teresa Lima Nascimento, Bismaike da Silva Santos, Victor Hugo Pinheiro dos Santos, Marcus Anderson Batista Leal e Natália da Silva Maia de Almeida

Produção executiva: Daniel Stycer e Paulo Mussoi

Texto: Ciência e Vozes da Amazônia, com informações do The Conversation Brasil