Na última quinta-feira (20), o estande da Universidade Federal do Pará (UFPA) na Zona Azul da trigésima Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) recebeu painelistas e palestrantes que falaram sobre nutrição e alimentação saudável, além de um painel especial em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra e Zumbi dos Palmares.
O primeiro painel, “Rotas e Raízes Alimentares na COP30: Caminhos possíveis para combater a monotonia das dietas e fortalecer a saúde humana e planetária”, contou com a moderação do professor Flávio Bezerra de Barros, da UFPA, e com as painelistas Fernanda Marrocos, da Universidade de São Paulo (USP), Paula Johns, presidente da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT Promoção da Saúde), e Lídia Pantoja, Oficial de Saúde e Nutrição do UNICEF para o Território Amazônico.

“Hoje eu tive o prazer de participar desse painel para falar sobre as mudanças climáticas, a monotonia alimentar da população, e também sobre o problema global que nós vivemos hoje que é o aumento do sobrepeso e obesidade, além de doenças crônicas não transmissíveis em decorrência do consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados”, explicou Lídia Pantoja, que abordou também estratégias pensadas para lidar com o lobby das indústrias do ramo alimentício que mais prejudicam a saúde.
Paula Johns, por outro lado, falou sobre os incentivos financeiros que a indústria alimentícia recebe. “A nossa principal agenda aqui na COP30 é fazer essa conexão entre clima e saúde: clima é saúde e saúde é clima. São temas que estão diretamente conectados, pois o que faz mal para a saúde humana normalmente faz mal também para a saúde planetária e amplia as desigualdades sociais. Então nosso objetivo é criar ambientes que sejam mais favoráveis, que a escolha saudável seja a escolha mais fácil para as pessoas, e não é isso que a gente vê hoje”, acentua.
O segundo painel, “Caminhos para a transição do sistema agroalimentar: desafios para o Brasil”, teve a moderação do professor Leandro Juen, da UFPA, com a participação dos professores Flávio Bezerra de Barros, também da UFPA, e Ricardo Abramovay, da USP. Além disso, também compôs a mesa o reitor da Universidade Federal de Jataí (UFJ), Christiano Peres.

A terceira programação, “Parcerias Reino Unido-Brasil: aprendizados e desafios em pesquisa, financiamento e impacto social” contou, mais uma vez, com a moderação do professor Leandro Juen, da UFPA, e teve a participação de Angelo Martins Junior, co-diretor do Instituto Brasil da Universidade de Birmingham (UBBI), e o presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA), Marcel do Nascimento Botelho.
O quarto painel, em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra e Zumbi dos Palmares, teve a moderação da Pró-Reitora de Relações Internacionais da UFPA, Lise Tupiassu. Entre os presentes, estiveram o Reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva; a ex-Ministra da Justiça da frança, natural da Guiana Francesa, Christiane Taubira; o Pró-Reitor de Assistência Estudantil, Ronaldo Araújo; a diretora do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA, Valena Jacob; o Secretário-Geral da Reitoria da UFPA, Doriedson Rodrigues; e o pesquisador Zairo Benjó.

“Este é um momento muito importante para mim, porque eu também já fui muito confrontada com o racismo na França, quando era membro do Parlamento e quando fui Ministra. E antes disso, quando era estudante. E eu sei que temos que lutar contra isso, porque há pessoas que podem resistir, mas também há pessoas mais vulneráveis e, portanto, é necessário fazer justiça para punir. Mas, mais que isso, é necessário especialmente, que as instituições criem as condições para fazer desaparecer os mecanismos de discriminação e racismo. Eu sei que o Brasil tem alguns dispositivos para proteger pessoas racializadas, mas é importante que essas pessoas tenham os meios para lutar e para se proteger”, afirmou Christiane Taubira.
Por fim, foi realizado o painel “Além da Extração: Conflitos por minerais e recursos, a proteção dos direitos dos povos indígenas e o futuro da Amazônia”, moderado por Mariana Monteiro de Matos, da UFPA. O painel teve a participação de Elizabeth Mamaní, da Comunidade dos Atacameños do Altiplano (Argentina); Flávia Vieira, da LACLIMA; Hannah Pool, da Sociedade Max Planck; Laís Siqueira, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente; Raquel Viana Wapichana, do Conselho Indígena de Roraima; e Sebastian Abad Jara, da Associação Interamericana para a Defesa do Meio Ambiente.

Além das programações, o dia também contou com a presença da Secretária de Estado de Cultura do Pará, Úrsula Vidal, aluna egressa da UFPA, que acompanhou os painéis. “A presença deste estande na Zona Azul mostra a importância desta instituição, que hoje é a instituição que mais produz conhecimento sobre a Amazônia, o que é muito justo, exatamente por conta da luta destes pesquisadores, professores, dessa comunidade acadêmica, de servidores, alunos, de estudantes. Nós ficamos muito felizes como amazônidas, como paraenses em saber que a UFPA tem esse espaço aqui irradiando conhecimento, promovendo debates muito importantes, publicando, partilhando suas publicações. E porque formulamos, indicamos o caminho de uma política pública para a sustentabilidade e a justiça social”, concluiu a secretária.
A programação, que tinha nove painéis previstos, precisou ser encerrada antecipadamente por conta do incidente que afetou a Zona Azul no dia 20 de novembro.
Texto: Rafael Miyake
Imagens e vídeo: Rafael Miyake