No sábado, 15 de novembro, a Cúpula dos Povos, que teve como sede o Campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), promoveu a Marcha Global pelo Clima. Segundo os organizadores, o ato reuniu 70 mil manifestantes em um percurso de 5 quilômetros, partindo do Mercado de São Brás até a Aldeia Cabana, no bairro da Pedreira, em Belém.
A Cúpula estima que cerca de 60 movimentos sociais de diversos países, ativistas pelo clima e a sociedade civil tomaram as ruas da capital paraense e fizeram sua mensagem ser ouvida. “Já chega de colocar o lucro acima da vida! Basta de projetos exploratórios e predatórios do meio ambiente, as soluções para a crise climática partem dos territórios!”, declara a organização da Cúpula.





Feira – Durante a Cúpula dos Povos, na UFPA, em Belém, o público conferiu uma Feira Popular, assinalada por produtos de economia solidária, agroecologia, povos de terreiro, economia feminista e modos de vida tradicionais, incluindo a oferta de livros, artesanatos e biojoias.






Cúpula das Infâncias – Uma das programações mais importantes do evento foi a Cúpula das Infâncias, com participação de aproximadamente 600 crianças e adolescentes de 0 a 17 anos. Elas compuseram de uma série de atividades e tiveram papel imensurável nos debates sobre as mudanças climáticas, apresentando relevantes contribuições para o conjunto de propostas do Brasil para a COP 30. Ao final do evento, no domingo, 16, a Carta das Infâncias, que sintetiza esses desejos infantojuvenis, por um mundo mais sustentável e resiliente, foi entregue em mãos para o presidente da COP 30, o embaixador André Corrêa do Lago.
A estudante Sofia Pimentel, de 9 anos de idade, natural de Belém, comentou que a sua participação foi uma oportunidade fundamental e enriquecedora. “A experiência na Cúpula foi muito boa porque aprendi muitas coisas. Aprendi que a criança tem o direito de falar assim como os adultos têm os seus direitos e que as crianças podem discutir sobre a mudança do clima e o que querem sobre o seu futuro”, relatou em entrevista à Cúpula dos Povos.

Barqueata – Outro momento inesquecível durante o evento desse ano foi o ato chamado de Barqueata, um movimento que abriu oficialmente as atividades da Cúpula dos Povos na cop30, na última quarta-feira, 12/11/2025.
Segundo os organizadores, a manifestação fluvial contou com mais de 250 embarcações e 5 mil pessoas, no Rio Guamá. “As águas se transformaram em um grande palco de denúncia e também de celebração da vida, reunindo centenas de embarcações ornamentadas com mensagens por justiça climática, soberania dos povos e transição justa que reconheça e inclua os movimentos sociais como protagonistas”, destaca a declaração da Cúpula.
Canoas, rabetas, barcos grandes e pequenos coloriram as águas do rio Guamá. Durante o percurso, faixas e cartazes traziam mensagens como “Territórios Vivos”, “Floresta em pé e rio limpo” e “Justiça climática já”.
Segundo Iury Paulino, da comissão política da Cúpula dos Povos, a barqueata da Cúpula dos Povos foi considerada um dos atos mais emblemáticos na luta por justiça climática e melhoria na qualidade de vida das populações mais pobres e excluídas dos grandes centros mundiais de decisão, reunindo povos indígenas, quilombolas, pescadores, ribeirinhos, movimentos sociais e organizações do Brasil e de outros países amazônicos.




O ativista equatoriano Lider Góngora resumiu o espírito do ato. “Não é só um protesto, é um manifesto fluvial. As águas da Amazônia estão trazendo as vozes que o mundo precisa ouvir, as de quem defende a vida, os territórios e o clima”, pontuou.
Pedro Charbel, da Aliança Chega de Soja, lembrou que o enfrentamento climático não se faz com grandes obras, mas com quem vive da terra e da floresta. “A nossa luta é contra os portos corporativos, contra as hidrovias e contra a Ferrogrão. A resposta é a agroecologia, é a comida boa sem veneno. É o território vivo, a floresta em pé e o rio limpo”, acentuou.
O trajeto terminou na Vila da Barca, comunidade marcada por moradias sobre palafitas e falta de saneamento básico, um símbolo das desigualdades que o evento quis mostrar.
Texto: Ana Teresa Brasil e Camilla Queiroz Gaspar – Movimento Ciência e Vozes da Amazônia, com informações do perfil oficial da Cúpula dos Povos
Imagens: Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30