Debates nacionais e internacionais marcam quarto dia da UFPA na Zona Azul da COP 30

A Universidade Federal do Pará (UFPA) reforça a importância da ciência na Amazônia se fazendo presente como a única universidade com estande próprio na Zona Azul da COP 30. Nesta quinta-feira, a instituição dá continuidade à programação com uma série de debates nacionais e internacionais para tratar de clima, direitos humanos, ciência e desenvolvimento.

Para o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, o fato de a UFPA ocupar um estande próprio na Zona Azul tem uma importância ímpar. “O que conseguimos é uma raridade para instituições universitárias em conferências da UNFCCC. Isso simboliza o protagonismo científico e político da Amazônia na COP30”, acentua. 

“O estande da universidade, além de sediar painéis que vão da economia de baixo carbono à saúde mental climática, passando por governança, ciência e inclusão de gênero, demonstra que a Amazônia está sendo tratada não apenas como território a ser protegido, mas como fonte de soluções e ideias para o futuro global”, conclui o reitor.

Programação

Desde o início da manhã, as discussões giram em torno da emergência climática, com destaque para a Amazônia como epicentro das reflexões globais. O primeiro painel internacional do dia tem como tema “Time is now: the Human Rights imperative of defossilizing our economies”, que em português traduz-se “A hora é agora: o imperativo dos Direitos Humanos de descarbonizar nossas economias”. Com moderação do professor de Direito Antonio Maués (UFPA), o painel abordou a urgência de remover os combustíveis fósseis da economia global por meio de uma lente de direitos humanos. 

Com ele, participaram como painelistas Elisa Morgera, Relatora Especial sobre Clima e Direitos Humanos, e Denise Dora, Enviada Especial para Direitos Humanos e Transição Justa (Presidência COP 30/ ONU).  Após o almoço, sob a moderação de Thaísa Michelan (PPBioAmor- UFPA), o segundo painel reúne Marina Hiroda (UFSC) e Polyanna da C. Bispo (University of Manchester), para uma reflexão sobre a convergência entre ciência, saberes tradicionais e políticas públicas na Amazônia. A ênfase recai sobre como pesquisas acadêmicas, comunidades locais e formulação de políticas podem caminhar juntas para enfrentar desafios como desmatamento, mudanças climáticas e desigualdade regional.

O painel seguinte discute a temática “Do Local ao Global: Caminhos para um Novo Modelo de Desenvolvimento Sustentável e Resiliente”. A moderação é de Jeconias Júnior, do Sebrae Nacional, com os painelistas Bruno Quick (Sebrae), Philip Yang (Presidência da COP30 para Cidades) e Raul Ventura (UFPA). O foco é a escala das soluções: como iniciativas locais de sustentabilidade podem se expandir para impactos globais e o papel das cidades na transição para modelos resilientes.

Na sequência terá vez o painel Reflexões sobre a importância da saúde mental no contexto das mudanças climáticas, moderado por Izabela Jatene (UFPA) com participação de Juliana Fleury (ASEc+ e Vertentes), Tatiana Camargo (UFRGS), dentre outras convidadas. “Nesse debate evidenciamos uma faceta muitas vezes esquecida, que é o impacto psicológico da crise climática, como a ansiedade, perdas, deslocamentos e a necessidade de políticas que considerem o bem-estar mental como parte da agenda climática”, enfatizou Izabela Jatene.

Debates e rodas de conversa

A quinta-feira também conta com uma roda de conversa com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello. Com moderação de Izabela Jatene, o encontro debate o tema “Justiça e Direitos Humanos, Integridade da Informação, Trabalhadores + Balanço Ético Global”. A conversa levanta questões como o papel dos trabalhadores nas cadeias de combustíveis fósseis, os riscos de desinformação no debate climático e o imperativo ético de assegurar uma transição justa.

Moderado por Lise Tupiassu (UFPA), o painel “Interoperabilidade entre mercados de carbono regulado e voluntário: desafios e oportunidades” conta com a participação de Ana Sklo (VCMI), Rodrigo Lima (Agroícone), Caroline Prolo (Fama re.capital), Walter De Simoni (Hub Economia e Clima) e Victoria Santos (ICS). O debate aborda questões de como alinhar os mercados voluntário e regulado de carbono, o papel da Amazônia e de seus ativos naturais e como evitar armadilhas de “greenwash”.

Para encerrar o dia, o painel “Mulheres e Governança Climática: Lideranças na Transformação Global”  moderado por Lise Tupiassu e reunirá lideranças femininas da Amazônia e de movimentos sociais: Edna Castro (CISAM UFPA), Herta Rani (Elas Movimentam), Marina Serpa (Frente Parlamentar das Catadoras), Gabriela Rollemberg (Carta das Mulheres para a COP), Marilena Loureiro (Rede Brasileira de Educação Ambiental) e Loiane Verbicaro (UFPA). Em pauta: a governança climática com olhar feminino, a inclusão de mulheres nos processos decisórios e as transformações que podem implicar para a Amazônia.

Texto: Ana Teresa Brasil – Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

Imagens: Rafael Miyake – Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30