Painéis, apresentações e lançamento da Revista Ciência e Vozes da Amazônia marcam terceiro dia da UFPA na Blue Zone da COP 30

Uma grande movimentação de visitantes, pesquisadores, estudantes e representantes de instituições públicas e privadas marcou o terceiro dia da Universidade Federal do Pará (UFPA) na Zona Azul da COP 30.

Por volta das 17h desta terça, o estande da instituição recebeu a visita do ministro da Educação, Camilo Santana. Na oportunidade, o titular da pasta conheceu detalhes do movimento criado pela UFPA, que chega à COP 30 mobilizando diferentes vozes amazônicas nos debates sobre a emergência climática.

Recebido pelo reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, Santana teve acesso especialmente à nova edição da revista multilíngue que reúne artigos de pesquisadores amazônicos desde fevereiro deste ano, evidenciando o conhecimento produzido na região. “Pra nós é uma satisfação enorme receber o ministro da Educação aqui no nosso estande, reforçando a relevância da ciência e também dos nossos povos nesse evento tão importante para o mundo”, salientou o gestor.

“Quero parabenizar a Universidade Federal do Pará por ser a única universidade presente na Zona Azul da COP 30 e por reunir as vozes amazônicas. Eu não tenho dúvida de que a nossa presença aqui e a presença da universidade têm um papel fundamental para este processo de discussão”, acentuou o ministro.  

Na programação também teve destaque a participação de importantes lideranças de populações tradicionais amazônicas como Yuri Kuikuro, pesquisador indígena do povo Kuikuro e Doto Takak Ire, presidente do Instituto Kabu. Ao lado do reitor da UFPA, eles comentaram a relevância de suas vozes serem ouvidas nos debates que podem definir as políticas públicas internacionais de mitigação da emergência climática.

“Os povos tradicionais estão aqui conosco hoje e também estão na universidade. Viemos hoje aqui para falar dos problemas ambientais e das soluções climáticas que o mundo precisa e sem eles não teríamos como apresentar nossas propostas”, afirmou o reitor.

 “É muito importante este espaço que o nosso povo está tendo e agora estar ao lado do cacique da universidade é motivo de muita alegria pra nós”, ressaltou Doto Takak Ire, líder do povo Kaiapó, ao se referir sobre o encontro com o reitor da UFPA.

“Estar junto com a universidade pra nós tem um valor muito grande nesse momento da COP 30, porque buscamos participar das discussões e ter cada vez mais capacitação, estamos muito felizes com isso”, enfatizou Winti Suya Kisêdjê, líder do povo Kisêdjê, ao celebrar esse momento na COP e destacar as oportunidades de acesso ao ensino superior geradas pela UFPA ao longo dos anos.

A integração com os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e demais populações da floresta amazônica nos debates científicos sobre as mudanças climáticas é a marca principal do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, lançado pela instituição em fevereiro deste ano com uma ampla programação em preparação para a Conferência Mundial do Clima, e que culmina agora com o evento na capital paraense.

Painéis Temáticos  

O primeiro painel do dia teve como tema “Justiça Climática e Fortalecimento do Ensino Superior na Amazônia”, com moderação de Edilson Nery Junior (Escola de Aplicação/UFPA), e como painelistas os reitores das universidades amazônicas Gilmar Pereira da Silva (UFPA), Aldenize Ruela Xavier (UFOPA); Janae Gonçalves (UFRA); Clay Anderson Nunes Chagas (UEPA); Arthur Laércio Homci (CESUPA); Francisco Ribeiro da Costa (UNIFESSPA), além de João Cláudio Arroyo (pró-reitor/UNAMA) e com participação especial da escritora e ex-ministra da Justiça da França Christiane Taubira.

O segundo painel abordou a temática “Uma só respiração: oceano, Amazônia e polos unidos pela regulação climática”, com moderação de Ronaldo Christofoletti e os painelistas Jérome Murienne (CNRS) e José Eduardo Martinelli Filho.

Na sequência, a programação contou com o debate sobre “Governança climática e decolonialidade na ciência”, com moderação de Lise Tupiassu (UFPA) e os painelistas Filipe França (UFPA/Universidade de Bristol) e Karen Tucker (Universidade de Bristol).

Teve ainda um painel sobre “Interciências para conservação ambiental e combate às mudanças climáticas: relações entre conhecimento tradicional e científico”, com moderação de Leandro Juen (CISAM/UFPA), e os painelistas Yuri Kuikuro, pesquisador indígena do povo Kuikuro, James Moura (PPBIO AmOr/UNILAB); Polyanna da C. Bispo (University of Manchester (SEED, MERI), Winti Suya Kisêdjê, líder do povo Kisêdjê e Doto Takak Ire (Instituto Kabu).

Para discutir sobre o tema “Desafios das mudanças climáticas para a sociedade: Adaptação, Mitigação e Resiliência”, a mesa contou com moderação da professora Julia Cohen (UFPA), e os painelistas: Ana Carla Gomes (UFOPA); Everaldo Barreiro de Souza (UFPA) e Ligia Camargo (Sustentabilidade Heineken).

Ainda durante as discussões no período da tarde, foi realizado o último painel “Amazônia 2030: Desenvolvimento Sustentável com Equidade e Justiça Climática”, com moderação de Izabela Jatene (UFPA) e os painelistas: Maristela Baioni – Representante Residente para o PNUD e  Pollyana da C. Bispo (University of Manchester).

Lançamento

O estande da UFPA na Zona Azul abriu espaço para um momento bastante significativo nesse período de realização do movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30. Foi o lançamento da edição de número 6 da publicação de mesmo nome da iniciativa.

Destaque também para o lançamento de número especial da Revista Brasileira de Agroecologia – RBA (V. 20, Nº 4, 2025) – Dossiê: Agroecologia e suas dimensões na abordagem das mudanças climáticas. Após a apresentação da revista, os convidados participaram de uma roda de conversa sobre os temas abordados na publicação, com moderação do professor Flávio Bezerra Barros (UFPA), e os painelistas: Tatiana Deane de Abreu Sá (Embrapa Amazônia Oriental); Danielle Wagner Silva (UFOPA) e José Nunes da Silva (UFRPE).


Texto: Ana Teresa Brasil – Ciência e Vozes da Amazônia