“Ação, Justiça e Esperança” e “Parem de destruir a Floresta”. Essas palavras, traduzidas do inglês, marcaram a chegada do navio Rainbow Warrior, do Greenpeace, na Universidade Federal do Pará, no final da manhã desta quarta-feira, 05 de novembro de 2025. O veleiro ancorou no trapiche Ribeirinho, inaugurado hoje, especialmente construído no Campus Guamá, da UFPA, em Belém, capital-sede da Conferência das Partes sobre Clima, a COP 30.
A vinda da embarcação integra a programação do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, lançado pela universidade em fevereiro deste ano. O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, deu as boas-vindas aos tripulantes, e destacou que a instituição tem buscado ampliar sua presença e diálogo com diferentes comunidades amazônicas. “Nós temos dialogado sobre a universidade para além dos muros. E hoje a gente está também colocando a universidade para as águas, para o rio”, afirmou, durante a inauguração do novo píer da instituição, que agora é capaz de receber embarcações de grande porte, como o navio do Greenpeace.
Esta é a primeira vez do navio Rainbow Warrior na Amazônia, mas no Brasil já esteve em 2012 na ocasião da Rio+20, no Rio de Janeiro. Para a COP 30 na capital paraense, a tripulação é formada por ativistas de pelo menos 20 nacionalidades, e marca uma de suas grandes manifestações em defesa da sustentabilidade no planeta.
“A gente está muito feliz de chegar com esse navio ativista icônico do Greenpeace, na Universidade Federal do Pará. Temos um alinhamento de visão, com a ciência caminhando junto aos saberes tradicionais, fazendo essa plataforma de amplificação de soluções nascidas, criadas, estudadas, pesquisadas na floresta, pelas populações urbanas e também pelas populações que vivem na floresta. Não poderíamos ter uma parceria mais feliz”, acentua Carolina Pasquali, diretora executiva Greenpeace Brasil, sobre o apoio recebido pela UFPA.







Coletiva- Por volta das 15h, representantes do Greenpeace e lideranças indígenas que chegaram juntos em Belém, receberam a imprensa para uma coletiva. Para a recepção dos jornalistas, logo na entrada da embarcação, eles trouxeram cartazes nas mãos com frases em português e inglês como “direitos indígenas não se negociam” e “respeitem a Amazônia”. A entrevista foi concedida por Carolina Pasquali, diretora executiva Greenpeace Brasil; cacique Kaiapó, Megaron Txucarramãe; Ângela Kaxuyana, representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB); e Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas (APIB).
“Pra mim a chegada da COP é triste, mas ao mesmo tempo tenho muita esperança de sermos vistos por lideranças de outros países que vão estar aqui, assim como jornalistas do mundo todo”, enfatizou o cacique kaiapó, Megaron Txucarramãe. “O que nós queremos pedir ao governo brasileiro e a todas as lideranças que vão estar aqui é respeito! Que respeitem os povos indígenas”, completou Txucarramãe, ao se referir ao pleito pela demarcação de terras indígenas no Brasil, dentre as principais demandas dessas populações.
“Acho que é uma chegada muito simbólica que representa o compromisso do Greenpeace de caminhar com o movimento social e com os povos indígenas. É uma caminhada coletiva, não existe solução sem essa construção”, destacou Carolina Pasquali. Ela considera essencial a conexão estabelecida com os povos originários. “A gente sabe que muitas vezes as vozes que vêm do chão são pouco ouvidas, então quando a gente pode usar uma plataforma como este navio que percorre o mundo todo registrando os efeitos da crise climática e dando voz às comunidades impactadas pela crise climática, é primordial. O navio está vindo agora, por exemplo, do Pacífico, da Nova Zelândia, enfim, a gente faz isso com muita alegria”, acentua a diretora executiva Greenpeace Brasil.



Trapiche – O trapiche inaugurado nesta quarta, 05/11, representa uma das ações da Universidade Federal do Pará, em preparação para a COP 30, e que deixará um legado à comunidade. Segundo o reitor, Gilmar Pereira, o novo espaço simboliza o papel da UFPA como uma “universidade ribeirinha”, voltada para o contato com populações das ilhas e das margens dos rios.



“É uma alegria, porque ele simboliza esse nosso discurso. É um espaço que nós vamos poder também ceder para receber os nossos alunos que vêm para a universidade, assim como os jovens que vão para as escolas de educação básica. Essa parte urbana da universidade precisa se comunicar com as comunidades tradicionais, e esse píer será um instrumento importante para isso”, explicou.
A estrutura construída, fruto de parceria entre UFPA, Greenpeace e Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), e projetada pelo Curso de Engenharia Naval (UFPA), foi comemorada pelos envolvidos. “Vir pra Cop já é um privilégio, eu diria, e um grande prazer pra gente. Mas saber que um porto foi construído para nos receber, para que nós pudéssemos participar, ficamos simplesmente sem palavras. É um prazer enorme, ainda mais sabendo que esse porto vai ser usado pra receber estudantes vindos de comunidades ribeirinhas para que tenham acesso à universidade”, relata Felipe Pimentel, tripulante do Navio do Greenpeace.
Visitação – O navio Rainbow Warrior ficará aberto para visitação pública, na Universidade Federal do Pará, Campus Guamá, em Belém, no final de semana, no sábado e no domingo, 8 e 9 de novembro, das 9h às 16h. O acesso é pelo Portão 1, com entrada gratuita.
Texto: Ana Teresa Brasil – ASCOM Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30
Imagens: Alexandre de Morais
Vídeo: Natalia Almeida