
Organizações, redes de pesquisa e movimentos sociais de todo o país se reuniram em Brasília (DF) para discutir propostas e recomendações da sociedade civil brasileira para a COP 30, que será realizada na capital paraense em novembro. O evento “O Caminho para Belém: Contribuições da Sociedade Civil”, organizado pela presidência da Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, contou com a participação do movimento Ciência e Vozes da Amazônia, nos dias 14 e 15 de outubro.
A iniciativa tem o objetivo de articular politicamente a sociedade civil, promover a construção de consensos e mobilizar lideranças em torno dos principais temas que serão debatidos na COP30, tendo em vista as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a urgência em garantir avanços concretos para limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Representado pelos professores Flávio Barros, Izabela Jatene e Leandro Juen, além de estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), o movimento Ciência e Vozes da Amazônia teve forte atuação na programação, que contou ainda com a presença dos ministros Márcio Costa Macedo, da Secretaria‑Geral da Presidência da República; Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas; Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Márcia Lopes, ministra das Mulheres; e do presidente da COP30, André Corrêa do Lago.
“Estar em Brasília antes da COP30 é essencial para que a Amazônia não apenas seja pauta, mas também voz ativa nas decisões”, acentuou o professor da UFPA Leandro Juen, membro da Comissão Executiva do Ciência e Vozes.



A estudante indígena, do curso de mestrado em Direito (UFPA), Rayane Xipaia, participou do Painel da Juventude, na terça, 14, representando a Amazônia. “As mudanças climáticas não afetam apenas o clima, mas também nossas memórias, nossos sonhos e nossa existência como povos. O futuro que queremos precisa reconhecer a força dos saberes ancestrais”, considera.
“A gente já não pode mais entender como solução as decisões tomadas em gabinetes e sem a participação das pessoas. Por isso que eu estou achando incrível todo esse processo que a gente está construindo, todo esse percurso de mobilização que o Brasil está realizando. E a gente tem feito isso também em várias partes do mundo”, frisou a ministra Sônia Guajajara, no mesmo painel.
Em sua participação com os jovens, o presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, enfatizou que “essa COP é sobre o futuro”. Segundo ele, há pouco tempo para reverter a crise do clima. “A ciência afirma que temos seis ou sete anos para realmente conseguir impedir que o clima ultrapasse um grau e meio e, se isso acontecer, não dá nem para imaginar os horrores. Para vocês terem ideia, tem cenários analisados pelo governo americano e que não podem ser publicados, de tão assustadores que são, então nós temos que atuar e vocês têm que cobrar da gente”, frisou.
A programação é realizada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), Greenpeace Brasil, Instituto Talanoa, Instituto LACLIMA, Observatório do Clima, Plataforma CIPÓ, The Nature Conservancy (TNC Brasil), Transforma Global e WWF-Brasil. É estruturada em seis eixos temáticos centrais: NDCs e ambição climática; Natureza e biodiversidade; Energia e transição para longe dos combustíveis fósseis; Financiamento climático; Adaptação; e Transição justa, mantendo um diálogo direto com os quatro pilares da presidência da COP30: Segmento de Alto Nível, Negociações, Agenda de Ação e Agenda de Mobilização.

Ciência e Vozes da Amazônia
Na terça, 14, o professor Flávio Barros apresentou as ações do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, destacando a construção de uma agenda climática inclusiva. “Nosso movimento nasceu para dar visibilidade às vozes que constroem a Amazônia todos os dias. Estamos chamando todas e todos a se engajarem conosco, especialmente os povos originários”, afirmou.
A professora Izabela Jatene enfatizou o reconhecimento que o movimento vem conquistando: “A publicação mensal foi muito bem recebida e temos visto um interesse crescente de pessoas e instituições em colaborar. Isso mostra que a sociedade quer conhecer e participar das soluções para a Amazônia”, ressaltou.
Para os membros da comissão, a presença do movimento Ciência e Vozes da Amazônia no evento reforça o compromisso da UFPA e de seus parceiros com uma agenda climática plural, baseada em ciência e nos saberes tradicionais, consolidando a Amazônia como protagonista das discussões rumo à COP30.




Expectativa
Na visão do ministro Márcio Macedo, da Secretaria‑Geral da Presidência da República, o Brasil tem grande responsabilidade como anfitrião da Conferência. “As COPs que nos trouxeram até aqui tem muita formulação, tem muito conteúdo, então o que a gente precisa agora é que, a partir da COP 30 no Brasil, vejamos resultado. Queremos que os estados nacionais implementem suas políticas públicas, juntamente com tudo aquilo que for debatido e discutido na conferência”, argumentou.
Já Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, destacou que as questões climáticas possuem forte relação com o tema da alimentação. “O Brasil vai levar para o mundo a defesa da soberania alimentar, principalmente nesse momento em que o país saiu do mapa da fome. Devemos falar sobre a restauração florestal com espécies produtivas que garantam a sobrevivência dos povos da floresta”, acentua. Segundo ele, também haverá ênfase à atividade econômica sustentável. “Nós queremos o PRONAR, o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos e nós queremos trabalhar fortemente isso durante a COP”, assegura.
Acesse, reveja e acompanhe a programação completa do evento “O Caminho para Belém: Contribuições da Sociedade Civil”