UFPA promove Conferência “Pró-COP 30: Olhares Lusófonos do Sul” com participação de pesquisadores de países africanos

A Universidade Federal do Pará (UFPA) realizou no dia 18 de setembro de 2025, a conferência “Pró-COP 30: Olhares Lusófonos do Sul”, evento que reuniu pesquisadores de países africanos de língua portuguesa para discutir temas relacionados ao meio ambiente, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável. A programação foi promovida no Auditório H1, localizado no Bloco H do Campus Básico (Guamá), com formato híbrido: presencial e com transmissão online.

O evento faz parte dos preparativos para a COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será sediada em Belém em novembro deste ano. Representantes de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique compartilharam suas perspectivas sobre os impactos e desafios das mudanças climáticas em seus países, fortalecendo o diálogo acadêmico e internacional em torno da sustentabilidade global.

Para o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, a conferência demonstra que a Amazônia não está isolada, mas sim em constante diálogo com outras regiões do Sul global. A presença de pesquisadores africanos lusófonos reforça uma rede de cooperação internacional comprometida com a justiça climática. “A UFPA atua de forma consistente para colocar a ciência amazônica no centro das discussões da COP 30, valorizando múltiplas perspectivas que refletem a complexidade do tempo presente”, acentua. Segundo ele, a Amazônia “não é silêncio, mas sim voz, expressa por seus povos, sua ciência e suas conexões globais”.

O professor da UFPA, Christian Nunes da Silva, especialista em gestão ambiental,  geoprocessamento e ordenamento territorial, ressaltou a importância do evento como forma de discutir o legado da COP30 na Amazônia. “A iniciativa do Centro de Internacionalização da universidade demonstra que devemos olhar para a COP não apenas durante a sua realização, mas principalmente para o que vai ficar ou não de impacto local, regional e global”, considera. 

Durante sua participação no evento, o professor Odair Barros, da Universidade de Cabo Verde, destacou a importância das comunidades primárias na construção de culturas públicas capazes de enfrentar os impactos sociais das alterações climáticas, com base no que chamou de “estatismo humano”, uma lógica histórica de organização coletiva em Cabo Verde e em outros contextos do Sul Global. Ele chamou a atenção para os efeitos devastadores das recentes tempestades tropicais no país, como a de 11 de agosto, que causou mortes e destruição, alertando para a crescente frequência desses eventos extremos. Ao conectar episódios históricos e atuais, Odair defendeu um novo paradigma centrado no ser humano e na justiça climática, apelando à solidariedade entre os países de língua portuguesa e à valorização das vozes das comunidades afetadas. “Precisamos de um novo paradigma onde o ser humano esteja no centro das decisões,” afirmou o professor.

“Este evento é fundamental porque reúne países que, embora separados por oceanos, compartilham histórias de colonização, desigualdade e resistência. Ao colocar os países lusófonos em diálogo, especialmente os do Sul Global, criamos um espaço de escuta e construção coletiva de alternativas frente às crises climática, ambiental e social. É uma oportunidade de fortalecer laços entre povos que falam a mesma língua, dentro de suas realidades, para juntos reivindicarmos justiça e protagonismo nas decisões globais”, enfatizou o professor José Benatti, da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA).

A conferência “Pró-COP 30: Olhares Lusófonos do Sul” integra a programação preparatória da UFPA para a COP 30 e reforça o protagonismo da UFPA nas discussões sobre a crise climática, colocando a ciência produzida na Amazônia em diálogo com experiências internacionais e contribuindo para uma agenda ambiental mais diversa, justa e inclusiva.

Texto: Ana Teresa Brasil

Fotos e vídeo: Natália Almeida