Movimento Ciência e Vozes da Amazônia é destaque no VII Congresso Latinoamericano de Macroinvertebrados

A governança da água foi o tema central do sétimo Congresso Latinoamericano de Macroinvertebrados e Ecossistemas Aquáticos, realizado entre 25 e 29 de agosto de 2025, na Colômbia. O evento colocou em pauta não apenas as questões que envolvem a gestão de ecossistemas aquáticos, mas também a participação de diversos atores interessados na tomada de decisões, a fim de que esses recursos sejam geridos de forma sustentável e equitativa.

Na oportunidade, a Universidade Federal do Pará foi representada pelo professor Leandro Juen, coordenador do Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica (CISAM) e do Instituto Nacional de Síntese da Biodiversidade Amazônica (INCT SinBiam), que realizou a palestra “Ecologia e o monitoramento de rios neotropicais”. Segundo ele, “a água é um tema fundamental nas discussões sobre mudanças climáticas. Milhões de pessoas na América Latina já enfrentam dificuldades relacionadas ao acesso a esse bem essencial”, pontua.

O pesquisador faz parte da Comissão Executiva do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, iniciativa lançada pela UFPA, junto a outras instituições de ensino e pesquisa, além de movimentos sociais, ambientais e culturais da região. O movimento busca garantir que a ciência amazônica e as vozes das comunidades locais tenham visibilidade e impacto durante a Conferência das Partes, programada para novembro de 2025, em Belém. 

No evento, na Colômbia, o docente fez questão de compartilhar  um balanço do movimento até aqui, destacando os materiais já produzidos, como uma publicação multilíngue mensal, para a qual, estendeu o convite aos participantes, a fim de que pesquisadores, estudantes e instituições latino-americanas colaborem. 

Ele também ressaltou as perspectivas de cooperação internacional, mostrando todo o potencial científico da UFPA e a capacidade de estabelecimento de parcerias com instituições e países interessados em colaborar com a ciência, a inovação e a justiça climática na Amazônia. Juen apresentou ainda, o Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica (CISAM), como um exemplo de rede inovadora que integra ciência, comunidades locais e políticas públicas. “A experiência do CISAM demonstra caminhos possíveis para fortalecer a cooperação e unir ainda mais os diferentes países e instituições que compartilham o bioma Amazônico, reforçando a importância de iniciativas colaborativas e inclusivas para enfrentar os desafios regionais e globais”, acentua.

Para o pesquisador, a COP30 será um evento estratégico dentro dos objetivos mencionados. “Nossa intenção é somar esforços para que a produção científica da região esteja presente nas negociações globais e contribua para políticas públicas mais efetivas”, concluiu.

Delegação UFPA – Além de Leandro Juen, a Universidade Federal do Pará foi representada pela professora Thaísa Michelan, coordenadora do Programa Ecologia de Longa Duração da Amazônia Oriental (PELD AmOr ), que apresentou a conferência “Qualidade ambiental e estrutura de comunidades aquáticas: a relação entre macrófitas e macroinvertebrados”, destacando a importância das macrófitas aquáticas para a biodiversidade e para o funcionamento dos ecossistemas. A pesquisadora reforça que “a cooperação entre universidades, pesquisadores e comunidades locais é essencial para compreender e mitigar os impactos ambientais sobre a biodiversidade aquática”.

Além das apresentações dos docentes, estudantes vinculados aos grupos de pesquisa e redes PELD/PPBio AmOr e INCT-SinBiAm também apresentaram resultados de suas pesquisas, fortalecendo a integração acadêmica e o protagonismo da nova geração de cientistas amazônicos.

Congresso – O VII Congresso Latino-Americano de Macroinvertebrados e Ecossistemas Aquáticos “Governança da Água: Um Pacto Social para a Gestão Integrada dos Ecossistemas Aquáticos”, foi realizado na cidade de Manizales, Colômbia, entre os dias 25 e 29 de agosto de 2025. 

A programação abordou estratégias de cooperação entre diferentes atores para a gestão integrada da água e de ecossistemas associados na América Latina. Os participantes debateram temáticas como o “Funcionamento de ecossistemas aquáticos e teias alimentares”; “Bioindicação, ecotoxicologia e poluição aquática”;  e ainda, “Manejo, conservação e biorremediação de ecossistemas aquáticos”, além das sessões especiais que trataram da “Restauração ecológica de ecossistemas aquáticos, “Inteligência artificial para monitoramento de ecossistemas aquáticos”, e por fim, o “Estado ecológico de ecossistemas aquáticos imersos em matrizes agrícolas”.

Texto: Ana Teresa Brasil, com informações da comissão executiva do Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

Imagens: Divulgação do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP30