II EREBB destaca protagonismo amazônico em biotecnologia com debates voltados à COP 30

O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT), em Belém (PA), recebeu nesta sexta-feira (8) o II Encontro Regional de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia (EREBB), evento que integra as ações do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia COP 30, organizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, a COP 30. Com o tema “Vozes da Amazônia em Biotecnologia na COP 30”, o encontro teve como objetivo valorizar a atuação científica na região, debatendo os desafios e potencialidades da Amazônia no campo da bioeconomia, sustentabilidade e inovação.

Voltado para estudantes de graduação e pós-graduação, docentes, pesquisadores e profissionais da área, o evento promoveu uma intensa programação ao longo do dia, com mesas-redondas, ciclo de palestras, apresentações científicas, atividades culturais e interativas. A proposta foi evidenciar os impactos positivos de iniciativas de ensino, pesquisa e extensão voltadas à bioeconomia amazônica, com foco especial nos saberes e tecnologias desenvolvidas na Amazônia Oriental.

A professora Joyce da Silva, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia (PPGBIOTEC-UFPA),  ressaltou a importância da divulgação de pesquisas desenvolvidas na instituição que se alinham aos compromissos da COP 30, com foco especial na conservação dos recursos naturais diante das mudanças climáticas. Ela destaca ainda a relevância da participação dos estudantes de diversas áreas: biotecnologia, química, farmácia, biologia, veterinária e agronomia, para ampliar o alcance e o impacto desses estudos. Segundo Joyce, “os recursos naturais da Amazônia são nossos tesouros, e é fundamental pensar em como a pressão sobre o meio ambiente pode levar à sua destruição”. Ela também pontuou que o uso de produtos naturais pode contribuir para minimizar a utilização de agrotóxicos e mitigar os efeitos ambientais observados nos últimos anos.

O primeiro painel do dia, intitulado “Biodiversidade e Biotecnologia: como aproveitar os recursos naturais da Amazônia para a bioeconomia”, foi apresentado pela professora Lucietta Martorano (Embrapa-PA, MAPA, INMET), que chamou atenção para a importância da biossegurança e da responsabilidade cidadã na região. Na mediação, o professor Alberdan Santos (ICEN/UFPA) destacou a importância de uma formação ética para os jovens pesquisadores. Segundo ele, é fundamental que os estudantes compreendam que o uso dos recursos naturais da Amazônia precisa ir além da simples transformação de matéria-prima. “Toda essa atividade deve gerar benefícios para o meio ambiente e para a sociedade”, reforçou. “Se o jovem não aprende a cuidar do espaço em que vive, desde o básico, como descartar um resíduo corretamente, ele dificilmente compreenderá a responsabilidade que envolve o trabalho científico com a biodiversidade”, pontuou.

O segundo painel teve como tema “Tecnologias Emergentes: Bioinformática, Inteligência Artificial e Biotecnologia no Combate às Mudanças Climáticas”, com a palestra de Renan Chaves (Fametro-AM). Com uma trajetória de mais de duas décadas no ensino de tecnologia e inovação, o pesquisador compartilhou os desafios enfrentados no estado do Amazonas, especialmente em relação à logística, conectividade e monitoramento ambiental. Renan enfatizou que a inteligência artificial pode ser uma aliada no enfrentamento das mudanças climáticas, mas que sua aplicação na Amazônia demanda soluções específicas para a realidade da região. “Temos que lidar com desmatamento, mineração ilegal, secas e enchentes. Tudo isso afeta diretamente a agricultura, a pesca e a vida dos povos amazônicos”, afirmou. O painel contou ainda com a participação de Rommel Jucá Ramos (ICB/UFPA) e foi mediado por Onédio Seabra Jr.

Representando os estudantes, por meio do Centro Acadêmico de Biotecnologia (CABIOTEC), equipe organizadora do EREBB, Júlia Helem, ressaltou a importância da participação da comunidade universitária no debate. “Queremos nos engajar nessas discussões que envolvem a biotecnologia e o enfrentamento às mudanças climáticas, pois entendemos que esse é um processo fundamental aqui na Amazônia, mas também acredito que isso tudo diz respeito ao planeta como um todo, já que vamos sediar a COP 30, e o mundo precisa enxergar a relevância da biopreservação”, acentua.

Equipe organizadora EREBB – CABIOTEC (Centro Acadêmico de Biotecnologia-UFPA)

Ainda durante a manhã, o evento seguiu com a palestra do professor Marcos Pérsio Santos (ICB-UFPA), que abordou o tema “Ecologia: mudanças climáticas e o efeito na biodiversidade x como a biodiversidade pode mitigar as mudanças climáticas”. A fala reforçou a necessidade de reconhecer os ecossistemas amazônicos como aliados no combate ao aquecimento global, destacando o papel da conservação ambiental na regulação climática planetária. O evento encerrou a primeira parte da programação tratando da “Biotecnologia dos Produtos Naturais Amazônicos para Bioeconomia Amazônica”, palestra ministrada pela professora Joyce da Silva (ICB-UFPA).

À tarde o EREBB trouxe a discussão sobre “Biotecnologia Verde: a bioidentidade da economia e sustentabilidade na COP 30” em uma mesa redonda, que teve como participantes Joanne Souza (ISARH/UFRA) e Cândido Neto (ICA/UFRA), e mediação da professora Christina Vinson (ICB-UFPA). Já o terceiro painel apresentou o tema “Uso da biotecnologia da reprodução e redução dos impostos ambientais do agronegócio na Amazônia”, discutido pelos professores Luiz Francisco Pfeifer (Embrapa/RO) e Sebastião Filho (ISPA/UFRA), com mediação de Moyses Miranda (ICB-UFPA). O ciclo de palestras seguiu ainda com outras duas rodadas de palestras tratando de biotecnologia, bioeconomia e sustentabilidade, além da ênfase ao futuro da pesquisa na Amazônia Pós-COP 30, com a participação de Antônio César Carvalho e Bruno Duarte, (ambos ICB/UFPA), do  presidente da FAPESPA, Marcel Botelho (UFRA), e finalizando com Ana Cláudia Cardoso (ITEC/UFPA).

Texto: Ana Teresa Brasil – Ascom Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

Imagens: Natália Almeida/Divulgação