Ciência e saberes tradicionais se encontram no Quilombo do Abacatau em debate sobre clima e direitos humanos

Encontro reuniu docentes da Universidade Federal do Pará com lideranças quilombolas

O Movimento Ciência e Vozes da Amazônia marcou presença neste mês de junho, no evento Diálogos e Direitos Humanos na COP 30, realizado no Quilombo do Abacatau, em Ananindeua, na região metropolitana de Belém. A iniciativa teve como principal objetivo fortalecer a interação entre a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Pará (UFPA) e os povos tradicionais da região, promovendo a troca de saberes e a construção conjunta de soluções frente à emergência climática.

O encontro reuniu representantes da comissão executiva do Movimento, que vem articulando ações para ampliar a presença da ciência nas comunidades e, ao mesmo tempo, valorizar os saberes ancestrais e as realidades vividas por populações como a quilombola.

Professora Izabela Jatene ressaltou a importância do diálogo entre a universidade e a comunidade

Durante o evento, foram discutidos os impactos das mudanças climáticas no cotidiano das comunidades tradicionais. Questões como a alteração nos ciclos da produção do açaí, da pupunha e da macaxeira – alimentos essenciais à segurança alimentar e à economia local – foram apontadas como reflexos diretos do aumento das temperaturas e da intensificação de chuvas extremas.

Para a professora Izabela Jatene, da comissão executiva do Movimento, eventos como este reforçam a importância de se construir pontes entre ciência e território. ““A universidade precisa sair dos seus muros e ouvir o que as comunidades têm a dizer. Os impactos da crise climática já são sentidos no dia a dia do quilombo, e é fundamental que a ciência caminhe junto com esses saberes locais, valorizando-os e aprendendo com eles”, ressalta a docente da UFPA, diretora da Faculdade de Ciências Sociais (FACS/UFPA),  doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ).

Professor Flávio Barros destacou as ações do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia

Já o professor Flávio Barros, docente do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares da UFPA (INEAF), destacou o papel transformador da conexão entre diferentes formas de conhecimento. “Quando cientistas e quilombolas sentam para conversar, nasce um novo olhar sobre os desafios que enfrentamos. A COP 30 será um momento importante para o mundo ouvir a Amazônia, e esse tipo de encontro mostra que a fala dos povos tradicionais deve estar no centro desse debate”, pontua Barros.

O evento também simbolizou um passo importante para o fortalecimento do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia, que se prepara para ampliar sua atuação no estado com vistas à COP 30, que acontecerá em Belém. A ideia é que mais comunidades sejam ouvidas e participem ativamente das discussões sobre clima, direitos e justiça socioambiental.

Texto: Ana Teresa Brasil, Ascom do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP30, com a colaboração de Igor Oliveira.

Imagem: Divulgação do Movimento Ciência e Vozes da Amazonia na COP30